Suécia suspende investimento em dispositivos com tela e volta aos livros

Suécia suspende investimento em dispositivos com tela e volta aos livros

17 de agosto de 2023 Off Por Redação

O Governo sueco anunciou que vai destinar 104 milhões de euros em 2024 e 2025 para acelerar o regresso dos livros escolares às escolas.


A Suécia começou a competir com a vizinha Finlândia pela atenção global de educadores e especialistas em educação. No dia 15 de maio, a Ministra das Escolas, Lotta Edholm, cancelou o plano de educação digital da Agência Nacional de Educação Escolar, e decidiu que o financiamento previsto deveria agora ser direcionado para a distribuição de livros didáticos nas escolas.

O Governo sueco anunciou que vai destinar 685 milhões de coroas (60 milhões de euros) este ano e 500 milhões (44 milhões de euros) anualmente em 2024 e 2025, para acelerar o regresso dos livros às salas de aula. A meta oficial é garantir a cada aluno um livro por disciplina, em um país de 10 milhões de habitantes. “Isso faz parte do retorno da leitura à escola, em detrimento do tempo de tela”, disse o ministro.

A decisão de Edholm – que assumiu em outubro do ano passado sob um governo de coalizão de centro-direita – veio após os resultados dos testes internacionais PIRLS, que avaliam a compreensão de leitura em alunos da 4ª série (e dos quais a Argentina não participa). Embora os alunos suecos estejam em 8º lugar globalmente e tenham superado a nota média da União Europeia, os resultados do país nórdico estão abaixo dos alcançados na edição anterior de 2016.

Com 544 pontos na prova de compreensão leitora, a queda na Suécia entre 2016 e 2021 (com a pandemia envolvida) foi de 11 pontos, equivalente a apenas 2%. “Temos uma crise de leitura nas escolas suecas. Corremos o risco de ver uma geração de analfabetos funcionais”, alertou a ministra em entrevista coletiva, na qual associou o retrocesso na compreensão leitora ao avanço das telas.

Alguns especialistas questionaram a abordagem da medida anunciada pelo governo sueco. consultado pelo infobaeFabio Tarasow, coordenador acadêmico do Projeto Flacso de Educação e Novas Tecnologias (PENT), afirmou que é errado focar o problema na dicotomia entre duas tecnologias: “Além da carga política que se quer agregar pelas características da política sueco, a questão é pedagógica e não tecnológica (livro ou tela). O importante é que tipo de atividades são propostas aos alunos”.

Em outras palavras, não se trata de suportes, mas de propostas de ensino: “Podemos promover a compreensão leitora e o pensamento crítico, seja com livros ou com telas, ou podemos estimular aprendizagens mecânicas, factuais e inúteis, seja com telas ou com livros. O que vale é a proposta didática, quais atividades os alunos devem fazer com base nas informações, quais problemas vão resolver, como vão processar e transformar a informação em conhecimento”, acrescentou Tarasow.

De acordo com essa ideia, uma mesma ferramenta – seja um livro ou um tablet – pode potencializar o aprendizado ou ser um fator de distração: tudo depende se a atividade proposta pelo professor prevê um uso significativo. “Como amplificadores do potencial cognitivo dos alunos, os dispositivos digitais têm uma vantagem, embora às vezes também sejam um canto de sereia que promove a dispersão”, disse Tarasow.

Com informações da ESEURO, LeMond e outras agências internacionais.