Enem será feito 100% de forma digital até 2026, anuncia MEC
4 de julho de 2019Inicialmente, em 2020, 50 mil candidatos ao Enem farão a prova digitalmente. Custos de aplicação do novo formato superam o método tradicional
O Exame Nacional do Ensino Médio (Enem) passará a ser feito digitalmente nos próximos anos. Inicialmente, apenas uma parcela dos candidatos poderá fazer a prova digital. Nessa quarta-feira (04/07), o Ministério da Educação (MEC) anunciou que 50 mil candidatos, em 15 capitais do País, irão fazer o Enem em formato digital. Segundo informações do O Globo, os planos do MEC são de que em 2026 já não haja mais prova impressa. Neste ano, os estudantes não serão afetados pela mudança.
Como funcionará – Inicialmente, trata-se de um projeto piloto, onde os 50 mil candidatos serão selecionados por ordem de inscrição. Estarão aptos a fazer a prova digital aqueles que, no momento, da inscrição optarem pelo novo formato. A avaliação será feita em dois domingos: 11 e 18 de outubro, incluindo aí a redação. Já os participantes do Enem regular farão a prova nos dias 1º e 8 de novembro de 2020. A previsão é de que o número de aplicações digitais aumente progressivamente. Em 2021, serão aplicadas duas provas digitais. De 2022 a 2025, serão aplicadas as quatro provas ao longo do ano, ainda no formato opcional
De acordo com O Globo, o custo da aplicação do Enem digital será mais cara do que o método tradicional. Isso porque, segundo a estimativa do jornal, o custo da aplicação para 15 mil candidatos será de R$ 20 milhões. Uma média de R$ 400 por participante. Em comparação, o exame hoje demanda mais de R$ 500 milhões para atender os 5 milhões de inscritos – sendo R$ 100 por aluno.
Entretanto, segundo Alexandre Lopes, presidente do Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (Inep), com a ampliação do exame digital, os custos vão diminuir. Em coletiva de imprensa, Lopes afirmou que os custos envolvem implementação e aplicação da prova, mas com ganho de escala, este custo cairia.
Como serão aplicadas as provas – De acordo com Lopes, para aplicar o Enem digital, o governo não irá comprar computadores e sim seguirá o modelo atual de terceirização. Dessa forma, uma empresa contratada ficará responsável por organizar as salas de aplicação, garantir os fiscais e também viabilizar as máquinas.
Quanto a preocupações de segurança, o ministro da educação Abraham Wreintraub disse que a segurança da prova estará preservada com a tecnologia já existente no País.
“A gente sempre tem que ficar atento, porque bandido é sempre criativo, mas hoje achamos que a segurança e a tecnologia que o Brasil tem permite fazer isso. Além disso, é só essa última etapa da aplicação é analógica, o resto todo é digital”, afirmou na coletiva ao se referir que a maior parte dos procedimentos envolvendo a prova, como correção já é informatizada.
Wreintraub também recorreu a exemplos em outros países que já aplicam provas de abrangência nacional e que são feitas digitais.
Enem digital poderá ter vídeos e games
A versão digital do Exame Nacional do Ensino Médio (Enem) vai possibilitar novos tipos de questão na prova, utilizando vídeos, infográficos e até mesmo poderá seguir a lógica dos games.
O anúncio da prova por computador foi feito hoje (3) pelo Ministério da Educação (MEC), em Brasília. O exame terá uma versão piloto optativa em 2020, para 50 mil candidatos.
A partir de 2026, todos os estudantes farão a prova exclusivamente por meios digitais. Segundo o ministro da Educação, Abraham Weintraub, a digitalização vai ao encontro do que está sendo feito no restante do mundo, além de possibilitar economia com a impressão de provas.
A digitalização do Enem não é ideia nova, mas esta é a primeira vez que o exame feito por computador valerá pontos e poderá ser usado para acesso ao ensino superior.
Outra vantagem, de acordo com o MEC, é a rapidez na correção.
“Objetivamente, a pessoa pode receber a prova dela no celular já corrigida e verificar se concorda ou se teve algum erro de registro. Vai ter o comprovante em arquivo, tudo certinho”, disse hoje Weintraub. A redação também será feita pelo computador, digitada.
Acesso a computadores
Um desafio será o acesso a computadores e outros meios digitais em um país onde muitas escolas não possuem os equipamentos. De acordo com o Censo Escolar 2018, 38% das escolas públicas têm laboratório de informática e 67%, acesso à internet.
O ministro acredita que até 2026, quando a versão em papel deixará de ser aplicada e a versão digital será a única disponível, a realidade brasileira terá mudado.
Para a aplicação e realização do exame, o Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (Inep) irá contratar um consórcio aplicador e caberá a essa organização providenciar os equipamentos para que os estudantes possam realizar as provas.
Poderão ser usadas as instalações de universidades e de outros locais. O MEC não irá comprar computadores, vai usar a capacidade instalada, de acordo com o presidente do Inep, Alexandre Lopes.
“Isso já acontece hoje. O Enem é aplicado por parcerias que assinamos. A rede municipal e estadual não é suficiente para aplicação em papel. Usamos as universidades e já alugamos espaços. O consórcio será responsável pelas salas com estrutura de aplicação digital”, explicou Lopes.
Novo ensino médio
O formato digital também possibilitará, segundo o Ministério da Educação, a adequação, sem custos adicionais, ao novo ensino médio.
Pelo novo modelo, que ainda está em fase de implementação, os estudantes terão uma formação comum, definida pela Base Nacional Comum Curricular, e poderão, no restante da formação, escolher uma especialização por itinerários formativos. Os itinerários são: linguagens, matemática, ciências da natureza, ciências humanas e ensino técnico.
A intenção é que, quando o modelo estiver em prática, o que deverá ocorrer em 2021, o Enem também se adeque, passando a oferecer várias opções de prova para cada itinerário escolhido pelo estudante, além de avaliar a parte comum. A prova digital vai evitar que várias versões diferentes tenham que ser impressas.
Críticas
A deputada Federal Tábata Amaral, conhecida por sua luta pela educação, comentou a respeito desse tema:
O anúncio do MEC de implementar o Enem digital me preocupa por duas razões.
Não tivemos uma inclusão digital no país, portanto uma prova computadorizada vai aumentar ainda mais a desigualdade entre os estudantes que não tiveram acesso a computador e internet e os que foram familiarizados com o meio digital tanto em casa quanto na escola.
Outro ponto que me preocupa é que essa discussão seja vista como mais prioritária do que a adequação do Enem à reforma do ensino médio e à base comum curricular, por exemplo.
Tabata Amaral, via Twitter
Enem 2020 já tem datas definidas
O Enem 2020 já tem data. De acordo com o MEC, o exame será aplicado em dois domingos, nos dias 11 e 18 de outubro no formato digital. O Enem regular, em papel, será aplicado, aos demais estudantes nos dias 1º e 8 de novembro.
Como se trata de projeto-piloto, os estudantes que tiverem algum problema com a prova digital terão direito a refazer o exame na reaplicação, que atualmente é destinada a estudantes que foram prejudicados por questões como falta de energia elétrica, chuvas e outras intercorrências.
O exame será aplicado na versão digital no ano que vem em Belém (PA), Belo Horizonte (MG), Brasília (DF), Campo Grande (MS), Cuiabá (MT), Curitiba (PR), Florianópolis (SC), Goiânia (GO), João Pessoa (PB), Manaus (AM), Porto Alegre (RS), Recife (PE), Rio de Janeiro (RJ), Salvador (BA) e São Paulo (SP).