Como os países estão reabrindo escolas durante a pandemia?
7 de agosto de 2020Educadores em todo o mundo estão enfrentando a agonizante decisão de retomar o ensino presencial enquanto ainda não há cura para o novo coronavírus. Países como Dinamarca, Índia e Quênia estão adotando abordagens diferentes.
No final de março de 2020, conforme a pandemia do coronavírus se desenrolava, escolas primárias e secundárias fechavam em quase todos os países, afetando mais de 1,5 bilhão de alunos, de acordo com a UNESCO. Em muitos lugares, os educadores mudaram rapidamente para o ensino a distância com a esperança de salvar o ano acadêmico.
Desde então, alguns países reabriram escolas com cautela, com resultados mistos. Outros não planejam retomar as aulas presenciais até 2021. Mas a falta de acesso à tecnologia e as preocupações sobre o aumento das lacunas de desempenho forçaram uma decisão aparentemente impossível para os líderes da escola: reabrir suas portas e arriscar novos surtos do vírus ou continuar virtual alternativas que podem deixar os alunos ainda mais para trás e sofrendo de isolamento social.
Quais são os desafios para reabrir escolas?
As escolas têm lutado para saber o que fazer se um aluno ou professor der positivo. A maioria das dezenas de países que reabriram escolas no início do ano relataram números relativamente baixos de casos da nova doença coronavírus, COVID-19, e realizaram rastreamento de contato generalizado. Resta saber, no entanto, se as escolas podem reabrir com segurança em locais que sofrem surtos generalizados e transmissão comunitária, como em muitas comunidades dos EUA.
“É possível reabrir escolas com segurança, mas um dos primeiros critérios que precisam ser atendidos é que não tenhamos uma epidemia que está saindo do controle”, diz Jennifer Nuzzo, epidemiologista da Universidade Johns Hopkins.
O pior cenário para muitos administradores escolares e funcionários de saúde pública é se as escolas sofrerem um surto após a reabertura que adoeça dezenas de alunos ou professores, se espalhe para a comunidade e cause mortes. Quando Israel reabriu as escolas em maio, o governo não exigiu que as escolas seguissem as diretrizes de distanciamento social por muito tempo, e muitas salas de aula voltaram ao tamanho normal com cerca de quarenta alunos. Desde então, mais de duas mil pessoas tiveram teste positivo em todo o sistema educacional do país e pelo menos um professor faleceu. Em Israel e em outros países, alguns pais e tutores se recusaram a mandar seus filhos para a escola por preocupação com a segurança de seus filhos e com a própria.
No Chile, após a reabertura das escolas, o mesmo ocorreu. Uma pesquisa publicada na IDSA, indica que educadores(as) podem ser os mais afetados pela contaminação ao coronavírus caso escolas sejam reabertas.
Após o desastre na primavera, Israel agora exige que as escolas com casos relatados de coronavírus fechem por duas semanas e que todos os alunos e funcionários fiquem em quarentena. As escolas na Alemanha, onde as taxas de infecção são baixas, adotaram uma abordagem diferente, mantendo as aulas funcionando e forçando apenas os contatos próximos da pessoa infectada à quarentena.
A reabertura de escolas também é cara. Especialistas em saúde têm convocado as escolas para garantir que tenham equipamentos de proteção individual (EPI) suficientes, como máscaras e protetores faciais, para alunos e professores; produtos de limpeza; e outros materiais de segurança, incluindo barreiras de plástico, cujos custos podem aumentar. Algumas escolas contrataram mais professores por causa do tamanho menor das turmas e outras pagaram para melhorar seus sistemas de ventilação e construir estações de lavagem das mãos. Embora as escolas primárias e secundárias nos Estados Unidos tenham recebido até agora US $ 13,5 bilhões em ajuda federal, pesquisadores de política educacional dizem que não é suficiente para escolas que já estavam lutando com financiamento. Um relatório estima que a implementação de precauções custará US $ 1,8 milhão para um distrito escolar dos EUA com cerca de 3.200 alunos. Por exemplo, a reabertura de todas as escolas públicas do Maine custará cerca de US $ 328 milhões.
Gastos com educação e tamanho da sala de aula, países selecionados
As salvaguardas contra a pandemia também colocaram uma carga especial sobre os educadores. As restrições dificultaram a promoção da aprendizagem colaborativa e envolvente, especialmente para alunos mais jovens. Além de temer por sua própria saúde, os professores de escolas que seguem um modelo híbrido de aprendizagem presencial e online enfrentam o estresse adicional de preparar planos de aula para ambas as abordagens.
Que medidas de saúde e segurança os países tomaram ao reabrir escolas?
Para mitigar os desafios de reabertura, as escolas implementaram muitos cuidados, incluindo o seguinte:
Requerendo máscaras. Os pesquisadores demonstraram que o uso de máscaras pode diminuir significativamente as chances de infecção. Muitas escolas exigem que os alunos e professores usem máscaras durante as aulas. O governo de Taiwan, que nunca fechou a maioria das escolas, fornece novas máscaras para todos os adultos e crianças a cada duas semanas.
Verificando as temperaturas. Muitas escolas exigem que os alunos provem diariamente que não estão com febre, inclusive verificando a temperatura e preenchendo um formulário em casa, inserindo a temperatura em um aplicativo móvel ou usando um termômetro sem contato na entrada da escola.
Distanciamento social. As escolas tentaram manter os alunos e professores separados por pelo menos seis pés, aumentando a distância entre as carteiras, usando barreiras de plástico nas salas de aula e fechando os espaços dos grupos. A maioria das escolas públicas de Hong Kong fechou seus refeitórios, obrigando os alunos a trazerem o almoço. Na Dinamarca, as escolas não são obrigadas a impor distanciamento social. Em vez disso, os alunos podem brincar com os outros em suas “bolhas” de classe, pequenos grupos que chegam à escola ao mesmo tempo, usam a mesma sala de aula e área de recreio e são ensinados pelo mesmo professor para tentar prevenir um surto generalizado.
Fontes:
Council on Foreigh Relations: How Countries Are Reopening Schools During the Pandemic
The Guardian: Covid-19 may spread more easily among children than thought, report warns / Israel returns to partial lockdown with immediate weekend shutdown
